Jornada do Herói e Jornada Rúnica
- runemalyalanna
- 25 de jan. de 2022
- 16 min de leitura
Atualizado: 14 de mar. de 2022
Saudações, Runemal!
Quando me deparei pela primeira vez com o "Monomito" vi a Jornada Rúnica descrita em outras palavras. Explanado por Joseph Campbell em seu livro “O Herói de Mil Faces”, o Monomito remonta uma jornada de superação onde o herói enfrenta desafios e, ao final da jornada, sai transformado e apto para reviver o processo num patamar de evolução mais elevado. Passei a estudar mais sobre autoconhecimento e como as runas atuam de forma semelhante ao Monomito. Descobri que o escritor Christopher Vogler aprimorou as ideias do Monomito de Campbell e desenvolveu a “Jornada do Herói”, descrita em seu livro “A Jornada do Escritor – Estrutura Mítica para Escritores”. Percebi, após conduzir algumas turmas no curso de runas "Caminho Runemal", que estávamos fazendo a Jornada do Herói - só que com Runas! Ao acompanhar as vivências dos alunos notei que cada um passava por um processo de transformação pessoal e que, ao final, o resultado era extremamente positivo, tanto que os depoimentos que recebi me surpreenderam muito.
Ao ler ambos os livros mencionados concluí que é possível trabalhar o conceito da Jornada do Herói no que eu chamo de Jornada Rúnica, uma jornada de estudos e vivências com as runas nórdicas do Elder Futhark, num processo de autotransformação.
Escrevi uma sequência de posts no Instagram @runemal.yalanna onde tracei um paralelo inédito entre ambas as jornadas, mostrando que se trata do mesmo processo de transformação pessoal. Enquanto a Jornada do Herói relata acontecimentos vividos pela personagem, a Jornada Rúnica se baseia nos mesmos princípios, porém com todo o simbolismo nórdico. Desta forma, o aprendizado das runas se torna uma experiência única, e não somente um decoreba infinito!
JORNADA RÚNICA

A Jornada Rúnica é o método que utilizo no Curso de Runas “Caminho Runemal”, onde o aprendiz vivencia cada uma das energias para ter uma melhor compreensão do seu significado. A vivência com as runas o leva a fazer uma autoanálise pessoal e com isso identificar os pontos que precisam ser melhorados para sua evolução pessoal. Nessa jornada de transformação e aprendizado sentimos o poder ancestral das Runas Nórdicas e entendemos como as energias rúnicas funcionam.
O método de conexão com as Runas através da Jornada Rúnica é voltado para o conhecimento e formação oracular, porém o Curso de Runas “Caminho Runemal” é muito mais profundo do que decorar os significados de cada Runa. É através da vivência, conexão e autotransformação que o aprendiz formará seu conhecimento oracular. Para traçar um paralelo entre a Jornada do Herói e a Jornada Rúnica separei as 12 Runas que mais se assemelham às 12 Etapas descritas na Jornada do Herói, associando uma Runa com cada Etapa. O sistema rúnico que estudamos aqui é o Elder Futhark, que possui 24 runas, e todas elas fazem parte da Jornada Rúnica. Por isso trago aqui todas as runas que complementam a Jornada Rúnica. Enfatizo que este paralelo é uma análise feita por mim, onde reuni os conceitos do Monomito com a Jornada Rúnica, levando em consideração a leitura dos livros mencionados, minhas vivências pessoais e os aprendizados que observei ministrando Cursos de Runas. Com isso mostro que as Runas se encaixam perfeitamente no processo de autoconhecimento, sendo a Jornada Rúnica um caminho de superação, aprendizado e transformação, que leva o aprendiz à um patamar mais elevado de evolução e cada vez mais próximo de sua verdadeira essência!
Bora conhecer essa jornada??? 😊
1ª Etapa da Jornada do Herói: Mundo Comum

Este é o início da jornada, o ponto de partida, onde conhecemos o personagem principal da trama, como e onde ele vive, com quem se relaciona e como sua vida poderia ser monótona e bem parecida com a vida de qualquer outra pessoa comum. A natureza do personagem é mostrada, assim como suas qualidades e defeitos, forças e fraquezas, e demais detalhes capazes de fazer com que o público encontre pontos de identificação com ele. Sua consciência sobre o problema ainda é bastante limitada, e muitas vezes existe uma empolgação inicial.
Jornada Rúnica: Fehu
Na Jornada Rúnica o ponto de partida é a runa Fehu, runa que inicia o Elder Futhark e está relacionada à riqueza, abrindo os caminhos da jornada no plano de transformação material, onde o aprendiz irá se deparar com sua percepção pessoal do que significa a riqueza para si. Fehu mostra a relação com as conquistas materiais e a capacidade de administrá-las. Numa visão mais profunda, Fehu pode representar aquilo que realmente significa riqueza para o aprendiz, mas geralmente está relacionada com dinheiro e bens materiais.
2ª Etapa da Jornada do Herói: O Chamado à Aventura

A aventura começa quando o personagem começa a tomar consciência e se depara com o conflito a ser vivido.
O herói da trama recebe o chamado para uma missão que o tira do seu mundinho comum, da sua zona de conforto, como um desafio que o obriga a experimentar coisas novas. Esse desafio está relacionado a coisas importantes para ele, como a manutenção da sua própria segurança ou da sua família, a preservação da comunidade onde vive, o destino da sua vida, ou qualquer outra coisa que ele queira muito conquistar ou manter.
Jornada Rúnica: Uruz
Na nossa Jornada Rúnica encontramos Uruz nessa etapa, que representa o auroque, um animal selvagem e primitivo, indicando um teste de resistência a ser superado. Nas antigas tribos nórdicas a caça deste animal era parte do rito de passagem dos jovens para provar sua coragem e virilidade. Ao passar no teste, o jovem provava para a tribo e para si mesmo que era capaz de vencer os desafios da vida.
3ª Etapa da Jornada do Herói: Recusa do Chamado

Diante de um grande desafio é natural que surjam os medos, hesitações e muitos conflitos interiores. Por isso, em um primeiro momento, temos a tendência em recusar o chamado e tentamos nos convencer de que essa missão não é assim tão importante. Começamos comparar nossa zona de conforto com os caminhos tortuosos que poderão surgir à nossa frente e, consequentemente, preferimos nos manter onde estamos, na segurança e conforto do lar.
O problema é que o conflito não deixa de nos incomodar.
Jornada Rúnica: Thurisaz
Thurisaz é o primeiro desafio a ser enfrentado na Jornada Rúnica, onde nos deparamos com os espinhos e combatemos padrões primitivos de nós mesmos ou de situações ao nosso redor. Esta runa representa a força da destruição primitiva dos gigantes e sua ignorância, que são combatidas pelo deus Thor. Os gigantes se manifestam nas forças da natureza de forma instintiva e impulsiva, causando destruição ao seu redor. Com Thurisaz aprendemos que devemos encarar aquilo que nos incomoda sem deixar que a ignorância piore ainda mais a situação. Aqui nos deparamos com alguns de nossos defeitinhos, coisas que nos incomodam e que são verdadeiros "espinhos" no caminho.
4ª Etapa da Jornada do Herói: Encontro com o Mentor

Durante a jornada o herói passa por alguns impasses e precisa de um empurrãozinho para continuar avançando. É por isso que temos o papel do mentor, que dará à ele o que for necessário para enfrentar o desafio à sua frente.
Nesse ponto, é provável que o personagem receba algum auxílio, que inclusive pode ser algum tipo de força sobrenatural, um objeto, um treinamento, conselhos, poderes ou qualquer outra coisa que faça com que ele encontre sua autoconfiança para encarar o conflito e aceitar o desafio.
Jornada Rúnica: Ansuz
Nossa grande mentora na Jornada Rúnica é a runa Ansuz, a runa do deus, que representa a boca, o fôlego da vida e a comunicação em todos os sentidos. É considerada a runa do mestre e do aprendiz, sendo Ansuz uma runa que nos traz grandes ensinamentos.
5ª Etapa da Jornada do Herói: A Travessia do Primeiro Limiar

Aqui o herói irá cruzar o limite entre o mundo que ele conhece e com o qual está acostumado e o mundo novo para o qual ele deve ir. Esse mundo não precisa ser um local físico, de fato, e sim algo desconhecido pelo personagem. Pode ser, por exemplo, a descoberta de um segredo, a aquisição de uma nova habilidade, ou até mesmo a mudança de lugar propriamente dita.
Jornada Rúnica: Raiðo
E a runa que nos coloca em movimento na jornada é Raiðo! Raiðo significa “cavalgar” e está ligada à ideia de viagem, movimento e locomoção. A conotação que Raiðo traz é a de seguir uma direção com confiança e determinação, em direção a um caminho certo!
Jornada Rúnica: Kenaz Na analogia com a Jornada do Herói Kenaz não está conectada diretamente à uma das 12 etapas propostas por Vogler, porém faz parte da Jornada Rúnica, como todas as runas do Elder Futhark. Esta runa representa o fogo transmutador, que regenera por meio da morte e do fogo. A cremação do corpo purifica o espírito e o direciona, impedindo que retorne ao corpo, além de simbolizar o sacrifício e tornar sagrada a carne do animal sacrificado e apta para o consumo. Kenaz simboliza a capacidade de criar, gerar e transmutar. É a raiz emocional da criatividade e dos insights, por isso uma ótima runa para os artistas e artesãos, além de representar o fogo da sexualidade e das paixões!
6ª Etapa da Jornada do Herói: Provas, Aliados e Inimigos

Em seu caminho, o herói começa a se deparar com diversos desafios, contratempos e obstáculos que, gradativamente, vão testando suas habilidades e deixando-o mais preparado para as maiores provações que ainda estão por vir. Aqui, é mostrada uma visão mais profunda do personagem e sua capacidade de descobrir quem são as pessoas com quem pode contar e quem são as que desejam prejudicar sua jornada, ou seja, seus aliados e inimigos. Jornada Rúnica: Gebo
Nesse paralelo temos Gebo, que ensina a manter a harmonia e o equilíbrio em todas as situações de nossa vida. As duas linhas cruzadas indicam que uma fornece suporte à outra, como duas vigas na construção de uma estrutura, representando o sustento mútuo de ambas as forças. Gebo representa o doador, o ato de doar, a dádiva e o dom.
Jornada Rúnica: Wunjo A Jornada Rúnica conta com a energia dessa runa, que representa a felicidade e prazer. Quando temos Wunjo em nossas vidas desconhecemos o sofrimento e a tristeza! Wunjo simboliza a ideia de pertencimento e é a runa do trabalhador, indicando que o prazer e a alegria no trabalho podem trazer resultados satisfatórios, uma vez que a felicidade se encontra na jornada e não no destino.
Jornada Rúnica: Hagalaz Trazendo uma mudança intensa, inesperada e muitas vezes destrutiva, Hagalaz nos tira da zona de conforto com sua chuva de granizo. Na Jornada Rúnica podemos sentir os efeitos da runa que nos leva a analisar o que precisa ser mudado de vez em nossas vidas. Muitas vezes as mudanças trazidas por Hagalaz não serão tão bem aceitas por nós, pois representa uma forma externa que não podemos controlar. O granizo representa a estrutura do mundo e a harmonia. Ensina que o crescimento pode vir através de perdas e desafios, pois tira da zona de conforto qualquer situação, mas pode levar à uma evolução.
7a Etapa da Jornada do Herói: Aproximação da Caverna Secreta

Sabe o recuo do mar antes do Tsunami? É nesse ponto que chegou o nosso herói. Aqui, ele faz uma espécie de pausa, se recolhe em um esconderijo — interior ou não — e retorna aos seus questionamentos iniciais e ao enfrentamento dos medos que o impediam de iniciar sua jornada. Quando não há o conflito interior, ainda assim, essa pausa é necessária para mostrar ao público a magnitude do desafio que está por vir e, então, esse recuo é utilizado para que o nosso herói se prepare melhor para ele.”
Jornada Rúnica: Nauðiz
Associei esta etapa à Nauðiz, pois esta runa representa grande parte das nossas dores. Nauðiz é a necessidade e a carência daquilo que é vital e que deixamos de dar a nós mesmos, nos colocando em uma situação de escassez dolorosa. Esta runa irá nos mostrar aquilo que negligenciamos e não demos a devida importância, nos fazendo refletir sobre nossas atitudes e escolhas.
Jornada Rúnica: Isa A runa do gelo é o momento de maior introspecção na Jornada Rúnica. Isa leva o aprendiz ao seu profundo “eu”, criando uma barreira entre ele e o externo. Somente a voz interna será ouvida, permitindo que o aprendiz faça uma autoanálise de suas emoções e descubra seu verdadeiro desejo, sem interferência do meio. Muitas vezes Isa força uma pausa nos planos, diminuindo sua velocidade ou congelando-o. É o inverno que precede o florescer da primavera, pedindo um momento de desaceleração e quietude, para que enfim a vida nasça. Jornada Rúnica: Jera Jera indica o resultado daquilo que foi plantado, que pode ser tanto bom quanto ruim, a depender do que foi feito nesse plantio e das condições climáticas. Se refere ao ciclo solar de um ano, que se conclui com uma boa colheita quando há um bom plantio. Jera é a recompensa por ações passadas, é o resultado daquilo que se plantou, respeitando a lei da natureza. Se o plantio foi realizado corretamente e a sorte favorecer, a colheita tende a ser abundante. Esta runa nos ensina a aceitar e entender os ciclos dos acontecimentos. As sementes já foram plantadas e agora é necessário esperar o tempo certo da colheita.
8ª Etapa da Jornada do Herói: A Provação

A provação é uma espécie de morte pela qual o herói precisa passar para cumprir o seu destino. Para isso, ele passará por um teste físico de extrema dificuldade, enfrentará um inimigo letal ou passará por um conflito interior. Seja qual for a prova, para que ele seja capaz de enfrentá-la precisará reunir todos os conhecimentos e experiências adquiridos durante a sua jornada até aquele momento. Essa provação tem um significado de transformação e, por isso, é comparada com a morte e ressurreição para uma nova vida.
Jornada Rúnica: Eihwaz
Eihwaz representa a árvore Yggdrasil, que conecta os três planos: céu, terra e submundo e guarda o mistério da vida e da morte, pois une ambas em sua essência. Além de sua associação com a morte, o teixo também é o símbolo da vida eterna e da resistência. Na Jornada Rúnica este é o momento de se desfazer daquilo que morreu para dar lugar à algo novo, aproximando o aprendiz de sua verdadeira essência. Muitas vezes é difícil abandonar aquele antigo “Eu”, mas essa é parte fundamental no processo de transformação; é a morte da velha fênix, para o renascimento de uma nova versão de si mesma.
Jornada Rúnica: Peorð Essa runa muitas vezes indica a revelação de algo escondido, secreto e oculto. Trabalha nossas sombras, nosso inconsciente e nosso poder mágico. Na vivência com Peord o regresso à magia tem se manifestado, assim como os dons psíquicos e oraculares. Na jornada rúnica pode indicar tanto algo oculto quanto despertar nosso interesse pela magia ou pelas artes oraculares. É um período de mistérios, onde a situação ainda não está clara, por isso muitas vezes essa runa vem ligada à ideia de destino e associada às Deusas Nornes, senhoras que controlam o Wyrd (destino) de todos.
Jornada Rúnica: Algiz Nessa etapa da Jornada Rúnica nos conectamos com as forças que nos protegem, nossos mentores espirituais. Algiz simbolicamente representa os chifres de um alce, utilizado como um sinal de proteção. O alce utiliza seus chifres para brigar pela fêmea e, quanto maior seu chifre, mais ele consegue se impor na disputa. Por ser uma galhada imponente, os chifres do alce nos remetem à elevação e contato com o divino, daí sua referência à proteção espiritual. Pode ser vista ainda como os galhos da árvore teixo (ou as raízes, quando invertida). É a runa da conexão entre os deuses e a humanidade, da consciência e da percepção.
9ª Etapa da Jornada do Herói: A Recompensa

Depois que o aprendiz já passou por diversos desafios, como derrotar o inimigo e sobreviver à morte, ele finalmente recebe uma recompensa. Essa recompensa simboliza a sua transformação em uma pessoa mais forte e pode ser representada por um objeto de grande valor, a reconciliação com alguém querido, um novo conhecimento ou habilidade, um tesouro ou o que mais a imaginação do autor permitir. Metaforicamente, essa conquista é representada pela força do herói para arrancar a espada da vitória enterrada em uma pedra. Mas vale lembrar: ele não deve se demorar muito em suas comemorações, pois sua jornada ainda não terminou. Ele precisa voltar para o ponto de onde veio como um vitorioso.
Jornada Rúnica: Sowilo
O sol é, sem dúvida, de importância crucial para os nórdicos, que anseiam pelos raios solares depois de meses sob o rígido inverno. É por isso que grande parte das divindades nórdicas são solares. A chegada do verão indica a vitória sobre inverno e a sobrevivência do povo a mais um ciclo depois de temperaturas baixíssimas. Sowilo é a representação do sol em si, a runa da vitória, já que sua energia forte, poderosa e determinada conduz ao sucesso e à vitória.
10ª Etapa da Jornada do Herói: O Caminho de Volta

O caminho de volta para casa não oferece tantos perigos, mas sim um momento de reflexão, em que o nosso herói poderá ser exposto à necessidade de uma escolha entre a realização de um objetivo pessoal ou um bem coletivo maior. De qualquer modo, a sensação de perigo iminente é substituída pelo sentimento de missão cumprida, de absolvição e de perdão, ou aceitação e reconhecimento pelos demais. Jornada Rúnica: Tiwaz
Tiwaz dá início ao terceiro e último Aett do Elder Futhark, onde teremos o fechamento da nossa Jornada Rúnica. Týr é um deus ligado à vitória e à justiça, porém existe um sacrifício nessa vitória, que deve ser pensada estrategicamente. Considerada a verdadeira runa da vitória, Tiwaz traz as características do deus Tyr, que remetem à lei, justiça e guerra estratégica. Ele representa a força da ordem divina presente no universo e na humanidade e é ele quem estabelece a ordem, protegendo a humanidade e os deuses de entrarem em colapso. O significado do nome “Tyr” é tanto para se referir à uma divindade específica, deus Týr, quanto a qualquer outro deus nórdico. Tiwaz é a runa do auto sacrifício, virtude de reis e grandes líderes, que precisam tomar decisões ideológicas visando o bem maior para o coletivo.
(foto 10)
Jornada Rúnica: Berkano Curiosamente a bétula é um arbusto que não dá frutos, porém é abundante em flores. Ela sacrifica suas folhas e flores para sobreviver ao inverno e se nutrir. Além disso, muitas crescem próximas ao carvalho, onde se abrigam. Na mitologia nórdica o visco foi o único ser que não jurou lealdade à Frigg quando ela pediu que nenhum ser causasse mal algum a Baldur, seu filho. E foi exatamente esse visco o causador da morte de Baldur, o deus brilhante, por meio de uma artimanha de Loki. Num viés moderno essa runa apresenta atributos ligados à maternidade, nutrição, nascimento e questões ligadas ao lar, com a mãe na figura central. Na Jornada Rúnica Berkano atua sobre aspectos da relação entre mãe e filho, representando a força nutridora, protetora e preservadora, nos convidando a desenvolver essa habilidade nutridora em nós mesmos e em nossos projetos, para que sejam gestados, nutridos e cuidados.
Jornada Rúnica: Ehwaz Ehwaz simboliza a confiança e lealdade entre duas partes, que estão conectadas e juntas estabelecem uma parceria harmônica, a fim de alcançarem um objetivo comum. Representa o relacionamento ideal entre um casal e indica virilidade. Na Jornada Rúnica esse é o momento de definir quem são nossos parceiros leais, aqueles que estarão conosco em longas e duradouras jornadas e projetos. O cavalo era um animal ligado à nobreza, sendo essencial haver cumplicidade e parceria entre cavaleiro e seu cavalo para que ocorra uma boa jornada. O desenho da runa em si pode representar um cavalo de frente para o outro, simbolizando a parceria, lealdade, igualdade de poder, respeito e cumplicidade entre cavaleiro e cavalo. O cavalo é uma fonte de conhecimento e foi usado como conselheiro oracular pelos xamãs antigos, em ritos divinatórios, ou para acessar viagens astrais ao toque do tambor, que imita o galope dos cavalos, na busca de sabedoria ancestral e conhecimentos diversos. Na mitologia nórdica vemos a menção de diversos nomes de cavalos dos deuses, sendo Sleipnir o melhor dentre os cavalos, que possui oito patas e pertence à Óðinn.
Jornada Rúnica: Mannaz Mannaz representa o homem e sua ligação com a humanidade, é a descoberta do Eu, como ser individual, em meio à espécie humana. A vivência com Mannaz mostra que a humanidade é interdependente, onde nenhum indivíduo consegue ser inteiramente autossuficiente. Neste ponto a Jornada Rúnica nos mostra a importância de nos relacionarmos com nossos amigos e procurar ajuda sempre que necessário, não é mais o momento de se isolar e sim de se integrar ao Todo.
Jornada Rúnica: Laguz Na cultura nórdica, os rios representam os percursos que os nórdicos utilizavam que não eram possíveis de alcançar a cavalo ou quando a navegação era o meio mais eficiente. Esta runa representa a água em si, que contém a potência da vida em seu estado líquido e pode ser condensada pelo efeito do gelo ou vaporizada pelo efeito do fogo. Assim como a água, Laguz representa o subconsciente, onde se escondem nossos medos e anseios mais profundos, sendo o portal para nossas emoções e intuição. Na Jornada Rúnica Laguz nos convida a olhar para aquilo que mais escondemos em nosso subconsciente, e trazer às claras as emoções, para que sejam lavadas e purificadas. Percorremos um longo caminho antes de tocar em nossas feridas mais profundas, e agora é hora de encarar alguns medos para, enfim, superá-los e poder concluir nossa jornada mais leves e transcendentes.
Jornada Rúnica: Ingwaz Esta runa representa a semente a ser plantada em um solo fértil que já foi preparado, assim como o aprendiz que está caminhando na Jornada Rúnica. Ingwaz representa a o início satisfatório de um plano ou empreendimento, um projeto que está em tempo de ser implantado e tende a dar bons resultados. A Ynglinga Saga relata a história de Yngvi, um governante que representa a encarnação do deus Freyr. Yngvi foi um governante muito próspero e fértil, e seu reinado ficou conhecido como um período de muita fertilidade e abundância. Freyr é o deus da fertilidade que muitas vezes era representado em estatuetas com um falo ereto, indicando sua virilidade e fertilidade, e é esta a energia que sentimos com essa runa.
11ª Etapa da Jornada do Herói: A Ressurreição

Aqui é o ponto mais alto da história. É aquela última batalha em que o inimigo ressurge quando mais ninguém esperava, nem mesmo o nosso herói. Esse desafio é algo que vai muito além da vida dele, representando perigo para as pessoas à sua volta, sua comunidade, família, enfim, seu mundo comum. Se ele perder, todos sofrem. É nesse ponto que ele destrói o inimigo definitivamente — ou não — e pode, de fato, renascer para uma nova vida, totalmente transformada.
Jornada Rúnica: Othala Othala representa a fortaleza do lar como uma grande protetora na defesa de seu território em um espaço fechado. Está ligada ao desapego e aos ritos de sacrifício que são feitos dentro de uma pequena comunidade. Representa a ancestralidade e a sabedoria ancestral, bem como os dons recebidos dos antepassados – ou as maldições. É o símbolo daquilo que foi herdado através de gerações, seja em nível material ou espiritual. Transmite a conotação de algo fixo, imóvel, como a terra, que não pode ser transferida para fora do próprio clã. Por representar a ideia de herança, Othala nos convida a desapegar daquele que partiu e encarar a morte como parte da vida, lembrando que também é importante cortar alguns laços que nos prendem àquilo que já morreu em nossa vida. Na Jornada Rúnica esse é um momento crucial pois faz o aprendiz encarar o luto e desapegar daquilo que não mais lhe serve. É hora de abandonar toda bagagem desnecessária que ainda carrega.
12ª Etapa da Jornada do Herói: O Retorno com o Elixir

Chegou o momento do reconhecimento efetivo do herói! A chegada ao seu local de origem simboliza o seu sucesso, conquista e mudança. Aqueles que nunca acreditaram nele ou mesmo os que tentaram prejudicá-lo serão punidos, além de ficar muito claro para todos que as coisas nunca mais serão as mesmas por ali. A Jornada do Herói é o “caminho das pedras”, onde a personagem principal percorre todo um ciclo com desafios e obstáculos, tornando-a mais fortalecida. Ao final do processo, a personagem retorna ao seu ponto de origem porém não é a mesma: é alguém transformada, com um patamar da consciência mais elevado. Jornada Rúnica: Dagaz
Dagaz é a luz do amanhecer e do entardecer, que representa o perfeito equilíbrio entre o dia e a noite, a luz e a sombra. É o ponto final de uma jornada, indicando o momento da transcendência e evolução pessoal, como uma borboleta que sai do casulo e finalmente pode voar, descobrindo um mundo outrora inimaginável, quando vivia uma vida de lagarta. Dagaz indica um ciclo que se encerra para dar lugar a outro que se inicia, num eterno ciclo infinito da vida, onde somos levados a superar obstáculos e vencer desafios, para que nos transformemos em busca da evolução.
Como última Runa da jornada sempre preferi utilizar Dagaz invés de Othala, pois Dagaz é a Runa do completo despertar e da transcendência, que nos leva enfim a um novo patamar de evolução, assim como a 12ª Etapa da Jornada do Herói: O Retorno com o Elixir.
Gostou desse post? Deixe seu comentário! Para mais conteúdo sobre Runas, Bruxaria e Espiritualidade Nórdica siga nossos canais no Youtube, Instagram e Telegram e inscreva-se na nossa Newsletter pra não perder nadinha!
Gosta de ouvir música folk? Preparei uma playlist no Spotfy exclusivamente com temas Folk/Norse.
Blessuð!
Fontes de Referência:
- CAMPBELL, Joseph. The Hero with a Thousand Faces. New York: Pantheon Books, 1949
- FAUR, Mirella. Mistérios nórdicos: deuses, runas, magias, rituais. São Paulo: Madras, 2007.
- VOGLER, Christopher. A jornada do escritor : estruturas míticas para escritores. 2.ed. Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 2006
Commentaires